Este texto é a continuação de A INSACIÁVEL.
Havia três semanas que estava sem sexo - uma história de sexo de às avessas. Muito tempo, depois que resolveu viver sua sexualidade. As últimas duas experiências de Flávia haviam jogado um balde de água fria em sua libido. Sentia-se num limbo, numa espécie de desconexão sexual, uma distância de si mesma, algo que não sabia explicar. Eram dias diferentes, estranhos. Estava sem reconhecer-se. Havia deixado de perceber o perfil de homem que desejava? Desaprendera? Ou aqueles dois haviam enganado-a a tal ponto que deveria reavaliar sua sensibilidade feminina? Enfim, eram dias de filmes aos sábados à noite e sextas-feiras de tirar o pó dos livros.
Naquele sábado à tarde foi para o note verificar e-mails e achar algum papo no Twitter ou Face, depois da arrumação do armário de tranqueiras, escolher roupas para doar e jogar papéis no lixo ("Puxa, como guardo coisas!", disse como se houvesse alguém ouvindo). Aliás, lá se iam 10 dias sem se conectar, outro ''absurdo''. Mensagens e mais mensagens de amigas no Facebook e alguns pedidos de amizade. Três exatamente (até isso andava devagar). Duas amigas de amigas, pouco conhecidas de balada e um rapaz. Não o aceitou sem antes olhar bem seu perfil. Nada demais, boa formação, mas nada que chamasse sua atenção, exceto pelas muitas fotos em trilhas e cachoeiras. Era um ponto absolutamente positivo para ela, pois mostrava um cara saudável, que curtia mais que cerveja e futebol. Além disso, tinha um físico interessante, sem ser exibido.
- Bem, desde que não seja um desses caras que só sabe falar naquilo que ele mesmo faz... Vou arriscar!
Minutos se passaram e ele fez contato. "Hummm, rapidinho esse guri!", falou consigo em meio a uma risadinha.
Quis ser atenciosa e ver até onde ele iria. Afinal, não seria um contato apenas para amizades. Conhecia muito bem essas investidas. "Os homens não são muito diferentes nesse caso'', pensava. Gostou do papo e procurou corresponder como quem lança isca. Apenas teve o cuidado de manter-se reservada, conversar trivialidades, trabalho e até culinária, sem perceber que havia teclado com ele por mais de duas horas.
As semanas se seguiram e o que começou como um ''lança uma isca'' passou a ser interesse, desejo. Sequer notara que ao final de um dia de trabalho percebeu-se querendo falar com ele, abrindo imediatamente o Face ao chegar em casa na expectativa de trocar mensagens.
Curiosa perguntou a algumas amigas se o conheciam. Uma delas, do tipo desbocada, disse que o conhecia. E foi direto ao ponto: um insaciável!
Sem entrar nos detalhes de seu próprio interesse nele, quis saber o que a amiga queria dizer com ''insaciável''.
- Ai, Flávia, saí com o Rafael duas vezes. Num final de semana que ficamos num hotel em Gramado - baixa temporada né - eu fiquei dolorida... kkkkkkkkkkkk..."
- E por que não estão juntos?
- Nossas vidas não combinavam. Ui, fazer trilhas é coisa de louco. Eu quero shopping nega! Acho que isso o fez desistir de mim. Ah, sei lá...
Em seguida foram tricotar sobre outras coisas. Mas Flávia soube o que precisava. Bastava conferir pessoalmente como ele era. Para tanto, como numa das conversas de culinária ele havia dito onde almoçava e o que costumava servir, aproveitou para um ''encontro casual'', tipo totalmente sem querer. E assim fez.
Depois daquele almoço chegou em casa decidida a avançar mais. Queria sexo com ele.
(Continua em INSACIÁVEIS)
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