segunda-feira, 18 de novembro de 2013

SEM PERGUNTAS...

Como de costume foi ao supermercado no sábado pela manhã para as compras básicas do final de semana. Nada marcado, nada programado, nada esperado para o dia, tampouco para o domingo já que trabalharia ali mesmo como gerente dos caixas. Talvez um amigo ligasse para uma cerveja, ou mesmo para uns quitutes num dos barzinhos da cidade. Sequer se preocupara com isso. Afinal, a sexta-feira à noite já tinha sido de boas companhias e muitas risadas. Aliás, em poucos momentos tinha rido tanto com a galera.

De corredor em corredor, creme dental, sabonete, frango temperado, Sucrilhos de chocolate, pêssegos em calda, uma lâmpada e o zig-zag de sempre entre gôndolas, sem a lista, lembrando na medida em que "passeava". Foi numa dessas passadas que a viu.

Uma repositora de fornecedor que não conhecia. Parecia ter uns 35 anos, cabelos pretos e lisos presos com "rabinho de cavalo", muito ágil, concentrada, com o cuidado da camiseta ficar por cima da calça mesmo quando abaixada, típica atitude de quem leva seu trabalho a sério. Era linda, sua pele do jeito que ele gosta, o desenho dos lábios, unhas bem cuidadas e a aliança na mão esquerda. Sim, uma aliança enorme e sem os anéis junto à aliança que mulheres, na avaliação dele, costumavam usar pra disfarçar o serem casadas. Imaginou ser daquelas que se sentem bem casadas, que querem mostrar isso e que uma abordagem seria apenas passar vergonha.

Porém, não resistindo à vontade de aproximar-se, foi ao seu encontro.

- Oi, bom dia. Sou Luciano, gerente de caixa aqui e não lembro de você.

- Prazer, Francy. É a primeira vez que venho. Fui contratada faz alguns dias. Ai, to nervosa!

- Mas por que? Tá precisando de alguma ajuda?

- Coisas do primeiro dia. Isso passa...

Trocaram mais algumas palavras e a deixou trabalhar. Seu coração bateu forte ao mesmo tempo que não podia pensar em outras possibilidades senão um papo eventual, pois no trabalho seria complicado dar atenção além das necessidades do próprio trabalho.

Na segunda-feira encontram-se no estacionamento. Ele chegando para o turno da tarde e ela saindo para outro supermercado. Mais umas palavras e Francy mantém uma atitude profissional, sem qualquer margem para mais que isso.

Os encontros casuais seguiram-se por muitas vezes ao longo de oito meses sem que houvesse um detalhe sequer que o fizesse ter esperança. Além disso, não tinha qualquer pretensão de problemas com mulheres casadas. Ela o atraía por demais e estava vivendo sentimentos contraditórios. Aquele jeito de tratar as pessoas, aquela voz, aquele corpo, aquele perfume, aquele sorriso... Tudo parecia atraí-lo. Os papos eram sempre alegres e não íam muito além do trivial.

Naquela terça-feira a surpresa!

Ao chegar ele a vê num banquinho em que os funcionários relaxavam nos intervalos, numa lateral do estacionamento. Estava cabisbaixa, olhar ao longe, mãos jogadas sobre as coxas e o cabelo solto. Não havia o sorriso e nem aquele olhar tão amistoso que o cativara.

- Oi Francy...

- Que horas você sai?

- Às 22h30 mais ou menos.

- Tá. Vou te ligar. Já tenho teu celular. E sem perguntas!

Ele ficou gélido. Uma estátua, mudo, sem qualquer reação enquanto ela se afastava, entrava em seu carro e sumia. Seus pensamentos começaram a fervilhar, tremia sem saber do que se tratava. Calara-se diante da firmeza das palavras dela e porque nem dera tempo para, sequer, pensar em algo. Não parecia aquela mulher que estava acostumado.

O dia foi longo para Luciano. Muito longo. O mais longo de sua vida. Cometeu vários erros no trabalho, não conseguia dar continuidade a qualquer conversa, foi ao banheiro olhar-se no espelho várias vezes, suava, olhava as horas a cada minuto... Foi um dia como jamais esperara, como jamais imaginara.

Às 22h43 o telefone toca. Era ela.

- Estou no posto de gasolina ao lado do hotel Antália. Entre em meu carro e sem perguntas.

Luciano entrou em seu carro sem nada dizer. Francys vestia um vestido escuro mostrando parte das coxas, cabelos soltos e muito bem penteados, seu perfume tomava conta do carro, o batom realçava aqueles lábios lindos e as sandálias mostravam seus pés maravilhosos. Neste momento ele não tinha mais como conter sua excitação diante do pouco que via. Sua mente estava povoada de loucuras e insegurança. "O que ela gosta, o que devo fazer...", mais perguntas e uma certeza apenas: estava a caminho de um momento há meses sonhado.

Entram na suíte, ela fecha a porta atrás de si, recosta-se, olhando-o fixamente. Ele treme diante de uma expressão que jamais vira naquela mulher linda. Por um segundo teve medo. Por um segundo pensou que estava numa enrascada até que ela o beija. Ah, o beijo... Enlouquecedor, alucinante, quente e molhado. As mãos de ambos percorrem seus corpos. Luciano sente o calor de sua pele macia por debaixo do vestido, respiração ofegante, enquanto Francy quase rasga sua camisa, com agilidade tira seu cinto, abre sua calça e segura com força seu pênis. Ela puxa a calcinha para o lado, contorce-se de tesão, roçando sua xana nele.

Num instante para repentinamente, afasta-se um palmo, coloca suas mãos em seu peito e vai descendo até que tem-no todo dentro de sua boca. Chupa com tanta intensidade que Luciano tem que controlar-se para não gozar. O vestido desce por seu corpo sem que pare de chupar. Ao erguer-se joga-o na cama, vai sobre ele e cavalga forte em meio a gemidos de prazer.

Essa é a noite que escolhera para matar dois homens... Um de tesão e outro de desespero.