quinta-feira, 30 de junho de 2016

CASADA E SAFADA (Parte 1)

Ela o adicionou como amigo no Facebook. Normal, afinal na rede social há um vai-e-vem de contatos e pessoas têm motivações diversas. De qualquer forma chamou atenção por ser uma mulher bonita. Em princípio deixou quieto por ver fotos de filhos no perfil. Não se falaram e a vida seguiu.

Num certo dia ela fez puxou papo. Disse gostar das postagens dele e a conversa foi crescendo. Da mesma forma que as visitas para ver as fotos. Sim, mulher bonita é sempre uma mulher que chamava a atenção dele. Ainda mais porque ela se encaixava nas suas preferências de beleza, como os cabelos, pernas, estilo de se vestir.

Não demorou muito para pintar sexo no diálogo. Aliás, logo no segundo dia, já no WhatsApp.

Alfredo, 47, escrevia contos e poemas para uma editora. Estava no seu terceiro livro e, desta vez, reunia material de cunho erótico. Ou, como dizia para amigos, "escrevo sobre a verdadeira face do amor, o sexo!". Sabendo disso Rosy, 31, quis ser uma inspiração. Nesse momento a possibilidade de uma aventura saltou da tela do iPhone.

Mas as surpresas estavam apenas começando... Aquela mulher linda tinha muito a revelar.

Ao propor um encontro, Rosy deixou claro que parte de seu tesão estava na adrenalina do proibido, pois era casada. Não daria para ir a um motel. Queria no carro. Absolutamente excitante!

A primeira surpresa: "tem uns caras que me bancam...". Eis que a confusão tomou conta de sua cabeça. Era casada e garota de programa, mas não queria cobrar? Aos poucos, mesmo que tomado por dúvidas e pensamentos divergentes, movido por uma curiosidade ensurdecedora, quis saber detalhes. "To muito curioso de conhecer tua história. Casada e tem uns caras que te bancam. Adoraria escrever sobre você!". "Vou adorar que escrevas sobre mim", respondeu.

Entre tantas revelações, muitas perguntas, muita vontade, muito tesão pela aventura, sexo pelo sexo movido pelo que há de mais animal, ela se mostrava uma mulher fascinante. Sim, uma mulher livre para fazer o que lhe dava prazer. Uma mulher rara!



Ela saía com outros homens e recebia uma grana. Tinha até um valor definido. E seu corpo era um cartão de visitas que não deixava qualquer dúvida do tesão que provocava. Esguio, sarado, exalando desejo. Objetiva, não havia dúvidas em suas palavras: "Não é carência. É sexo!".

- E como foi decidir por isso? Tipo, para romper e fazer pela primeira vez. Teve medo?
- Adoro aquela sensação de perigo. Nunca tive medo. Já fiz muita coisa...
- E receber dinheiro por isso... por quê?
- Porque não trabalho e ele (marido) não me dá as coisas. E peço apenas uma vez.
- Quanto cobra? Tem os caras fixos, digamos... E te marido?
- Sei fazer amor. Não deixo furo. Cobro 100. Fixo não. Só tem um policial que é mais chegado.
- Como reagem?
- Falam que sou muito carinhosa.
- Como você gosta de ser tratada?
- Com muito carinho. Mas sempre com uma pitada de safadeza.

Em meio a tudo a troca de nudes para deixar um ao outro loucos. Ela sabia provocar. Ficava excitada em saber que estava excitando. Um jogo sem pudores, sem frescuras, com a franqueza de quem sabe o quê quer e sabe até onde quer ir. Nas mensagens de voz a firmeza que faz alguns homens estremecerem. Não era uma voz melosa, não havia traços de insegurança, não parecia uma daquelas que se deixaria envolver por um ''eu te amo'', mas por um ''quero tua boca no meu pau!".

Num momento, por não saber o que se passava na cabeça de Alfredo, ela o questiona: "Deve tá me achando louca". Ah, ela não fazia ideia, até aquele momento, do quanto ele sonhara por encontrar uma mulher assim. Estava um tanto cansado de romantismo bobo, de todo aquele malabarismo estúpido a que algumas o sujeitavam até que chegasse ao sexo, quando chegava. Mulheres, em meio a tanta liberdade conquistada, metidas num mundo de fantasias... Sim, estava cansado e ansioso por alguém que quisesse sexo, para então saber se haveria amor, paixão e o sofrimento que pode causar.

- Não te acho louca. Nada me surpreende e tenho os meus desejos também.

A sintonia afinava-se a cada frase. Por sua mente passava um filme louco de tantos momentos com várias mulheres. As que o enfeitiçavam, as que o fizeram de bobo, das que marcavam um encontro e simplesmente davam um silêncio às ligações, das que o beijaram intensamente, das que se apaixonaram e teve que ''cair fora''. Um mundo vivido à volta do sexo e que somente a alcova testemunhara.

- Curte ser chamada de puta, por exemplo?
- Na hora do sexo vale.

Contudo, o sexo pago não parecia um fetiche. E não era. Da mesma forma que algumas se mantém fieis porque o marido é um bom provedor, Rosy, na objetividade que parecia ser sua marca, deixou claro o porquê. Saía com "Alguém legal. Que me dá tudo o que quero. Bens materiais". Quantas mulheres assumem isso sem que pareça vulgar? Umas raras e discretas. Aquelas cuja vida transita pelos fatos e não por devaneios insustentáveis.

- Já transou sem prazer, só pela grana?
- Já.
- E como se sentiu?
- Otimaaaa!!! Feliz por ter feito ele gozar e com o dinheiro na mão. E, depois, aquela sensação do perigo....
- Gozada na boca rola?
- Ta gostando né? Adoro que goze na minha boca. Semana passada tinha um cara me incomodando, mas muito gato. Deixei ele vir aqui em casa só pra gozar na minha boca!
- Como faz pra ser na sua casa? Com filhos etc.
- Eles dormem à tarde... Jogo rápido.

O que mais poderia vir? A excitação tomara conta e já nem lembrava mais da intenção de escrever sua história. Só pensava em pega-la, ou, ser pego por ela. Sim, estava em contato com uma pegadora. Uma devoradora, uma felina.

- Você se masturba com frequência?
- Não. Gosto de deixar pra quando vou pegar alguém. Sabe aquela vontade louca? Imagina você ficar todo molhado.

Sim, ele imaginava seu suco escorrendo pelo pau, molhando o lençol, do cheiro do sexo... "Todas as semanas se eu quiser!".

Escreveu cada diálogo, cada sensação, descreveu cada foto como a daquela bunda saborosa, imaginou cada momento.

- Para terminar o texto só depois que nos encontrarmos...
- Então o final será perfeito. Vais contar como gozou gostoso e de graça!

(Continua)

domingo, 10 de abril de 2016

AS PUTAS NA CAMA

Por André Roldão

Nada que se diga sobre comportamento humano é absoluto. Nem mesmo o instinto animal de autopreservação não se vê em todos, já que temos os suicidas. Portanto, o que passo a escrever diz respeito a uma parcela das mulheres com as quais convivi e das conversas com amigos que tenho apreço, aqueles que fogem aos trogloditas que nada sabem sobre elas.

Vamos lá. Notei as que gostam de serem chamadas de putas na cama - eu disse "na cama". Vale uma ressalva, pois a fidelidade de uma mulher pode ser apenas a troca pela estabilidade financeira e atitude provedora do parceiro, o que, sejamos honestos, é um pagamento pela foda. Essas, as que têm o fetiche do que se costuma chamar de safadeza, tendem a não serem apenas de um homem. Ou seja, ao encontrarem a liberdade, mesmo que casadas, procuram meios de satisfazer seus desejos, os de sexo com vários parceiros. Querem ser chamadas de "puta" porque está nelas serem putas.

Essa relação, que nem sempre é entendida por ela mesma, ou nem mesmo percebida, faz pressão interna por satisfazer-se. Evidente que, diante da sociedade e de princípios morais da educação, há barreiras e suponho, haja as que não as conseguirão suplantar. O fato que me parece claro é que, em tendo a tara de ser chamada de puta pelo parceiro, tendem à não serem fieis, ou não desejarem apenas um homem. O ser chamada assim remete à desejar um cara diferente vez ou outra, regularmente, ou quando não consegue mais segurar-se.

Ora, isso não tem nada de imoral, antiético, ou uma disputa entre certo e errado. É uma vontade pessoal que se realiza com outras pessoa num momento de consentimento mútuo. Está na pessoa, assim como gostar dessa ou daquela cor, desse ou daquele sabor. Mesmo que mantido sob controle, o desejo está ali.

Uma das situações que corroboram nessa minha tese é das que se prostituem por prazer e das adeptas do "gang bang", menage e swing. Mulheres que assumem o quanto gostam de estar com um cara diferente a cada vontade de sexo ou diversificarem, ir além do parceiro fixo. Eis que, indo um pouco mais além, tal comportamento referenda o que venho dizendo há anos e com farta anuência de estudiosos: sexo e amor nem sempre andam juntos. O tesão, instintivo, está acima do amor ou paralelo a ele.

Há quem só consiga ver sexo com amor, dentro de uma relação estável e condena as outras formas de lidar com isso. Evidente que há algumas coisas por trás dessa posição, como o medo da traição etc. Quem defende sexo no casamento, com amor, papai-e-mamãe, acha que isso é a única forma. Ledo engano ou mera ocultação dos fatos que repudia e teme.

Não é uma questão de amor, de certo e errado, de melhor ou pior etc. É apenas algo sobre o qual ela não tem poder. Está acima da sua vontade. Podendo, apenas, manter sob controle e selecionar muito bem com quem vai se satisfazer.

O sujeito que casar com uma mulher dessas tem duas opções: não saber ou participar de seus desejos.