domingo, 16 de junho de 2013

UM BRINDE

Foi diferente...

Curtiram algumas postagens de amigos em comum, alguns comentários com opiniões convergentes e adicionaram-se. Os papos começaram em seguida e a admiração um pelo outro cresceu rapidamente. No início eram os filmes, os livros, os locais que costumavam ir, as viagens, os gostos em geral. Contudo, Jeff gostou dela logo ao ver as primeiras fotos. Aquele sorriso encantador e o modo como se vestia o atraíram imediatamente. Não importava o penteado, ou a cor do cabelo, tampouco se estava com um jeans ou um vestido para a noite. Atento aos detalhes observava até as cores de esmalte e o estilo das sandálias, quando possível. Ela era elegante ao ponto dele tirar um tempo para ver suas fotos demoradamente. Pensava muitas vezes: "Essa boca nem precisa de batom de tão linda..."

Num primeiro momento ele não chamou a atenção de Vânia da mesma forma. Mas aos poucos passou a observa-lo e com maior intensidade. Suas preferências por homens não eram tão rigorosas como a de algumas amigas, mas tinha alguns detalhes que não abria mão. Um deles: marombeiro fora! E Jeff era desses caras que apreciavam uma boa leitura, mais que músculos. Seus comentários traziam algo de observador e bom humor. "Uma boa risada também é afrodisíaco", comentava.

Surgiu o primeiro encontro. Foram a um barzinho, beberam uns drinks, conversaram amenidades, muitas risadas, histórias da infância e da faculdade. Em alguns momentos aquela inclinada clássica para a frente que Vânia fazia a denunciava. Mas nada mais claro que o olhar... Ah, o olhar... Naquela noite nada além de uma agradável conversa. Ele havia decidido em seu íntimo que aquela garota merecia um tempo para sentir-se segura e que não seria afoito, mas deixaria levar-se pelo tempo dela. Queria conquista-la através de sua própria iniciativa. Quem estava no controle para escrever uma história de sexo? O sentimento de ambos!

Passaram a semana conversando ainda mais. Desta vez ao telefone.

A semana foi demorada. Queriam se ver logo, queriam o sábado em suas vidas, queriam mais que o olhar, queriam sentir seus corações.

Naquele sábado o jantar na casa de Vânia, preparado por Jeff, tinha requintes de romantismo. Mas não se preocuparam em se vestirem bem, queriam a simplicidade do aconchego do lar, de falar de temperos, de notarem como se comportavam, seus gostos, suas histórias com as receitas das vovós, essas coisas de família. "Como é mesmo que se coloca os talheres? O garfo é à esquerda ou à direita?"

Mesa servida, pratos servidos, um brinde à vida!

Mas ele guardou uma surpresa. Ao terminar o jantar e beber mais um pouco do vinho levantou-se e colocou Damien Rice no som e chama-a para dançar. Vânia se levanta olhando em seus olhos. Com um leve sorriso ele estende as mãos e a acolhe em seu peito. Ao balanço delicioso da música se beijam, se tocam, se despem, se amam...


segunda-feira, 10 de junho de 2013

SORRIAM COM OLHAR SAFADO

Ambos estavam tranquilos em suas relações conjugais. Seus casamentos não eram nenhuma história de aventuras, mas também não tinham motivos para reclamações. Monótonos, talvez. Mas nem isso ousavam pensar. Por vezes, Theo dizia para amigos: "Prefiro a paz do que aventuras!". Mariza, por sua vez, tinha alguns desejos que o marido relutava, conforme o momento. Noutros ela mesma era a relutante. CoisaS que não a levavam senão a umas raras reclamadas. Tudo muito tranquilo.

Mariza, 32 anos, admirada pelas amigas pelo corpo esguio, pernas torneadas e bumbum de fazer inveja, enjoada da rotina da academia foi para as ruas, começou a fazer corrida. Treinava três vezes por semana numa avenida próxima ou nas trilhas do sítio da família em Santo Amaro da Imperatriz, próximo a Florianópolis, nos finais de semana. Não demorou muito em conhecer grupos de atletas e se encantar pela possibilidade de correr em eventos. Uniu-se a um grupo formado por pessoas de várias idades e profissões, com a saúde e o gosto por corridas em comum. Todos muito amáveis. Foi ali que conheceu Theo, 44 anos.

Homem de risada fácil. Logo chamou a atenção pela desenvoltura em vários assuntos e pelo corpo muito bem cuidado. Bater papo com ele passou a ser um dos momentos dos encontros de treinamento. Atencioso, tomava a iniciativa de amarrar os cadarços de qualquer um, de esperar os cansados, de dar dicas de alimentação e rir das próprias limitações. Enfim, era o boa praça da turma. Sua falta era sentida e passou a ser ainda mais sentida, mesmo quando de um mero atraso.

Trocaram e-mails, começaram a ''curtir'' as fotos do Facebook um do outro, conversas inbox sobre o esporte, família, trabalho, filhos e trivialidades. De um contato por dia a vários. Não demorou muito para aquecerem o papo e histórias de sexo passou a ser tema recorrente. Das confissões de fantasias à primeira troca de olhares e aquele silêncio de quem quer dizer algo e teme pela exposição. Em pouco tempo disseram um ''senti sua falta...'' e outro ''pensei em você neste final de semana...''. Foi então que Theo tomou a iniciativa de confessar seus sentimentos, ainda que temeroso.

Para surpresa dele Mariza foi além. Declarou que estava com tesão por ele e tratou de apimentar ainda mais os papos. Mandou logo uma foto de biquíni na praia e outra ''essa é para você!". Enlouquecido ele, mesmo com um certo constrangimento, entrou no clima e fez fotos ousadas. Das fotos para a webcam tarde da noite foi rápido. E a possibilidade de um encontro começou a amadurecer.

Aproveitando uma consulta de rotina ao médico ela pediu que ele fosse ao mesmo prédio do consultório para encontrarem-se nas escadarias. Foram pontuais. Lá estavam às 9h40, com as devidas desculpas no trabalho. Chegaram um pouco antes da consulta e ela atrasaria um pouco para terem, pelo menos, 15 minutos de intimidade sob a tensão do flagrante.

Beijaram-se loucamente, trocaram carícias e olharam-se nos olhos com aquele sorriso de quem sabe que está fazendo algo que não pode ser descoberto.

Como não poderia deixar de ser o grande dia chegou. O marido de Mariza viajou e ele forjou uma saída do trabalho um pouco antes do seu horário de almoço, coisa que nem chamou a atenção pois eventualmente o fazia para atender interesses da própria empresa. Rumaram para Biguaçu e entraram com seus carros no Motel 2001, para uma suite com duas vagas na garagem.

Os beijos enlouquecidos começaram ali mesmo, antes de entrarem na suíte. Mal fecharam a porta e peças de roupas ficaram pelo chão. Seus corpos estavam ansiosos um pelo outro. Suas mãos insanas percorriam cada detalhe, cada curva, cada segredo. O tesão tomou conta de ambos como há anos não sentiam.

Ao gozo, jogados na cama, suados de prazer, sorriam com olhar safado.

Como essa história terminou? Não terminou...